Nem tudo são flores. A maternidade é seguramente a coisa mais bela do mundo, mas trás consigo muita responsabilidade e sentimentos que não sabemos controlar. O querer proteger sempre nos torna mais fortes e vulneráveis ao mesmo tempo. Passamos, em frações de segundos, de super mães a “pelo amor de Deus me ajuda”.
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Tudo tem seu Lado B e relato aqui algumas situações complicadas de apenas 10 meses de Théo, as quais tive que me defender seguindo meus instintos, meus mais novos instintos, o de ser mãe.
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Tenho certeza que você sabe do que estou falando e passou e passará por outras inúmeras delas. É o ciclo da vida não é? O pacote vem completo. Por isso hoje o mais importante é ter saúde porque o resto a gente conquista.
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1- Amamentar – foi bastante difícil para mim. Quase desisti. O Théo demorou quase uma semana para pegar como se deve. Mas com persistência e ajuda de uma amiga consegui! (Veja o post Amamentar. Quem disse que era fácil)
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2- Reestabelecer a relação marido-mulher- Virgem santa. Que difícil. Tudo muda. Eu mudei, meus hormônios mudaram, minhas prioridades mudaram. Junto com o Théo muitas coisas novas foram incluídas nas nossas vidas e confesso que a paciência e a energia foi quase toda dedicada ao pequeno. As divergências culturais entre Brasil e França colaboraram muito para tumultuar ainda mais o meio de campo, mas passa, passou (espero, rs…)
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3- Ser “mãe solteira”- Durante 2 meses e meio Benjamin esteve fora por motivo de trabalho, e algumas outras vezes. Nesse período largo, o Théo tinha 2 meses e meio e quando ele voltou o Théo tinha 5 meses. Foi punk. Meus pais ajudaram muito. Admiro muito mães que criam o filho sozinha. É mais que uma dedicação, é uma jornada linda, mas dura.
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4- Mudar de casa- O Théo tinha 1 mês e nosso apartamento não tinha móveis. Minhas roupas estavam e ficaram em malas por mais de 1 mês. Era horrível ter que caçar uma blusa que desse para amaentar. Um calor do cão, a família do Benjamin almoçando e jantando em casa. Pratos, travessase talheres, assim como os mantimentos em estantes improvisadas. Eu recém mãe. Benjamin recém pais e Théo pequeno. Caos. (Veja o post Mudança e bebês não combinam)
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5- Febre alta de 37,7 a 39,9 por mais de sete dias- Nossa que preocupação. Ele não tinha sintomas de nada. Fui no pediatra, no pronto socorro, fiz exames de sangue, de urina, e nada, nem uma vermelhidão na garganta, nem manchas na pele e aquela febre que subia e baixava. Noites sem dormir. Judiação de bebê. Não desejo isso pra ninguém.
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6- Bateu a cabeça e vomitou – O Théo ainda não sentava com muita segurança, eum dia, sentadinho brincando caiu pra trás e bateu a cabeça no EVA. Normal, se ele não tivesse vomitado. Preocupadíssima levei ao pronto socorro e fizemos raio X. Sinais fisiológicos normais não foi necessário fazer tomografia, apenas ficar em observação.
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7- Viajar sozinha com o Théo – Never more. Não rola gente. To com as costas quebrada desde então. Levei pouca coisa de bagagem de mão mas foi muito difícil, pesquisei muito e tentei como pude pedir todas as ajudas possíveis mas não foi uma boa experiência. Chorei de desespero quando soube que metade do meu carrinho iria direto para França e eu teria que carregar tudoooo mais a parte de cima do carrinho que tinha ficado por engano na cabine do avião. Eu, sozinha, sem assistência porque em Londres nenhum funcionário te ajuda a carregar nada por proibição do aeroporto e cheia de coisas para carregar mais o Théo com 10 kg de pura massa. (Veja o post Dicas para viajar de avião com bebê)
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8- Desmamar- Acho que tão difícil como amamentar, o desmame é super complicado emocionalméte e fisicamente. Emocionalmente pois é um momento em que rompemos com esse vínculo tão mágico e fisicamente porque entra a mamadeira, o leite, a medida, o esterilizador, os bicos, e todos esse cacarecos sem fim. Estamos nessa parte e o Théo não aceitou o Nan. Vamos continuar com outro. Depois eu conto.
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9- Caiu da cômoda- De todos, esse foi o pior. Um susto. Mas imagina o susto, meu e dele. Eu estava lá, na cômoda com ele, com a mão nele, mas não consegui segurar. Aí é que eu morro, por me sentir tão culpada, mesmo sento tão “chata” e vigilante. Aconteceu, num piscar de olhos e graças ao anjos do céu, que estavam lá naquele momento e seguraram meu bebê para que ele não caísse de cabeça, não aconteceu nada com ele. Nem um galo, nem um hematoma. Fui correndo pro hospital, 2 hospitais, ele quase dormiu mas não deixamos. Seus sentidos voltaram, fizemos raio X e voltamos pra casa. E a tomografia você fez Mari? Não. Por diversos motivos, mesmo sabendo da importância dela. Primeiro porque ele já reagia como habitualmente, porque o raio x estava ótimo, porque para fazer tomografia nele seria necessário sedá-lo e passar a noite no hospital. Resolvemos, juntamente com a pediatra ir pra casa e a cada 2 horas conferir seus reflexos. No dia seguinte eu passei pela pediatra dele e mostrei novamente a radiografia. Tudo perfeito.
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10- Quando tive o sentimento de incapacidade – Depois do que aconteceu no núm. 9, eu me senti péssima. Péssima tudo. Péssima mãe, péssima esposa, péssima pessoa e aquela situação, aquela fração de segundos ficou me perseguindo por 2 dias, até que de pouco a pouco eu comecei a apagar essa sensação dos meus pensamentos. Uma sensação de culpa, de incapacidade, de nulidade e outras coisas que eu nem consigo escrever aqui. Foi então que eu percebi que nada vale a pena, nada. Nos prendemos nesse mundo por coisas tão pequenas, as quais damos tanto valor, e que não são nada.
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Nos perdemos entre o Nan e o ninho, sendo que o importante é estar alimentado. Entre o amassada ou batida e esquecemos que o importante é que seja saudável. Entre o ir trabalhar ou ficar em casa e esquecemos que o importante é ser presente.
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Nada tem valor em comparação ao nosso bem maior. Nosso filho em si e a família. As pessoas ao seu redor e a vida. Percebi que tinha perdido o foco e precisava reencontrá-lo.
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Hoje eu não troco mais o Théo na cômoda que vai se tornar um belo móvel de apoio. Hoje eu o vejo brincando normalmente, pulando como um louco no pula pula e agradeço. Somente agradeço por poder estar vivendo isso novamente.