O parto humanizado é um direito de todas e deveria ser uma rotina, em todos hospitais e casas de partos no Brasil. E nada mais é do que um parto que respeita cada mulher e seu bebê como único. Respeitar a mulher é fornecer informações a ela sobre o que está acontecendo e ajudá-la a ter um trabalho de parto harmonioso, sem pressa, minimizando as dores, e deixando ela a par de como seu bebe está também, bem como informar o pai do bebe. Numa sociedade onde a cirurgia cesariana tem prevalecido por “facilitar a vida prática”, não há mais tanto espaço para o que é natural, normal, divino e sagrado: o parto fisiológico. Mas há mulheres que priorizam a saúde e bem estar do bebê, e querem sim ter um parto natural, normal, enfim…todas temos sim! esse direito.
A humanização preconiza apenas o melhor para ambos: mãe e bebê. Preconiza o que é natural para a parturiente, para cada gestante e seu companheiro, e nada além disso.
O que nós doulas fazemos é valer o direito que todos já temos. E para que isso aconteça, ou seja, para que o parto humanizado aconteça é preciso: – uma equipe humanizada, – um local que seja seguro para a gestante parir, – que a gestante possa ter pessoas que escolher para compartilhar o momento mais especial da vida desse casal, com menos invasão de pessoas desconhecidas, e mais privacidade, – um ambiente em que a gestante possa ficar em trabalho de parto livremente, expressando seus movimentos, – que ela possa escolher a posição que lhe for melhor para parir, – que ela possa vocalizar sons necessários para minimizar suas dores (caso aconteçam), – direito a beber água e se alimentar durante o trabalho de parto (que pode durar de horas, a dias) – companhia do marido (sem pagar nada por isso; Lei do acompanhante: 11.108) – apoio da doula – possibilidades de itens que possam aliviar a dor, como chuveiro, banheira, bola suíça, massagens, – permanecer com seu bebê logo após o parto (isso já virou lei também – “a primeira hora de ouro”)
Além disso, o movimento em prol da humanização do parto preconiza que a gestante seja avisada, antes, claro, de qualquer procedimento invasivo que seja necessário ser feito, ou seja, o médico, enfermeiras, a equipe que atende a gestante, deve comunicá-la antes de utilizar, por exemplo: ocitocina, analgesia, ou mesmo de fazer a episiotomia, quando necessário, bem como o bebe, que pode ser cuidado depois de manter o primeiro contacto com a mãe, pele a pele, e com o pai.
Como doula e jornalista que sou, a sugestão que dou é que o casal, ao engravidar, se cerque e informações! Para que o parto possa ser uma celebração, o casal precisa sim trabalhar pra isso, se informando, aprendendo, questionando, e percebendo qual o melhor lugar para eles terem seu bebê, quais as possibilidades dentro do nosso sistema de saúde que temos, seja SUS ou privado, que tipo de equipe tem disponível no local onde moram, que leituras podem ter acesso, filmes, grupos e cursos, enfim, sempre há uma maneira de obter informação, e é isso que nós, a favor da humanização, queremos!
Não queremos que todas as mulheres tenham seus filhos por via vaginal, a todo custo! Não, claro que não! Isso seria tão arbitrário quanto é hoje a imposição de uma cesariana eletiva (marcada sem razão real), por profissionais que não estão respeitando o direito da mulher de parir, o direito do bebê de nascer na hora correta, e por pais e mães desinformados, que não tem a noção do quão prejudicial pode ser sim, para mãe e para o bebê, uma cirurgia cesariana, quando feita antes da hora correta de nascer!!! Mas queremos sim, que as mulheres, pelo menos voltem a ter o direito de parir, de passar por um trabalho de parto, e de ter seu bebê naturalmente. Mas claro que, se a mulher se informou e fez outra opção, ok, ela tem o direito sobre seu corpo e sobre seu bebê, mas como mães, sempre queremos fazer a melhor escolha para nossos filhos, e fazemos isso, desde a gestação, então, a mulher que entende a importância do bebê passar pelo canal vagina, e que isso faz com que o pulmão do bebê se expanda, que a respiração aconteça normalmente, sem precisar de nada invasivo ao bebê e ‘a ela, provavelmente, essas mulheres e casais que sabem dessas informações, não irão optar por algo invasivo e tão doloroso ou mais, como é a cesária no pós operatório.
Para aquelas que tem medo da dor do parto, há cursos, dicas, exercícios e respirações que colaboram para minimizá-las, e saiba que, nem sempre, as mulheres tem dores na hora do trabalho de parto e parto em si. A dor é um grande questão também, que quero falar num próximo texto, pois ela é muito diferente pra cada um, pra cada povo (é cultural), para cada situação, e no parto em si, é um rito de passagem. Mas vamos falar sobre isso em breve, aqui…
O Brasil, infelizmente, é o país campeão de cesárias desnecessárias, feitas apenas por questões práticas, sem uma razão real, e nós, profissionais humanizadas da área da saúde da mulher, queremos ajudar ao Brasil a diminuir esses números, para o bem estar das mulheres, dos bebês e de suas famílias. Por isso, o movimento luta em prol de informar cada vez mais, casais que querem ter seus direitos ao parto humanizado, e ao nascimento amoroso.
Fica aqui nosso convite, para os casais grávidos, gestantes e tentantes, que queiram participar de encontros gratuitos, onde abordamos assuntos ligados ‘a maternidade e gestação toda primeira segunda-feira de cada mês. Nossa próxima “Roda de Mães da Baixada” acontece na segunda-feira, dia 01 de setembro ‘as 20h30 na Namaskar Yoga, que fica na Av Siqueira Campos, 429 sala 11, no Embaré (canal 4 em frente ao hospital Guilherme Álvaro). É preciso reservar vaga: aline@namaskaryoga.com.br ou ligue para 3345 2680 (das 16 ‘as 21 hs) O tema desse mês será: “relatos de parto” e teremos três casais contando suas experiências: um parto hospitalar, outro domiciliar e um que acontece na casa de parto Quem quiser, pode vir antes, ‘as 19h15 para fazer uma aula de ioga pré-natal gratuitamente.
E mais: estamos com uma exposição inédita na Cidade, chamada “Gerar, parir e nascer -amorosamente”, com fotos de partos, nascimentos e gestação. Gratuita, de segunda a quinta, das 16 ‘as 19h30, até 15 de setembro.
fotos:Talitha Cicon
Até nosso próximo texto.
Se quiser, mande suas perguntas, sugestões de temas, e comentários pra ficarmos em contato.
3 Comments on Parto Humanizado : um direito de todas
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Luana Saettoni
08/30/2014 at 04:33 (10 years ago)Adorei a reportagem e fotos….informação nunca é demais e conhecer novos temas nos engrandece! parabéns
Patrícia Martins
08/30/2014 at 12:55 (10 years ago)Que show!! Tive os dois de parto normal e já achei a experiência mais emocionante da minha vida com benefícios realmente notáveis e impagáveis, embora em hospital. Morria de medo de ter que passar por uma cesárea!! Passei a gravidez inteira atrás de milhares de informações e acho muuuito legal quem faz este trabalho em prol do parto humanizado. Acho top como os países europeus, o Canadá, os EUA lidam com isto. Sei de histórias de médicos europeus que nunca viram uma cicatriz de cesárea na vida. Ainda bem que o destino me ajudou a achar a médica perfeita pra mim. Que respeitou meu direito; minha escolha. Parabéns pelo trabalho, Adriana Vieira.