Juro que já vi cada uma, mais absurda do que a outra, mas esse comentário vindo de um obstetra é inadmissível e nos faz refletir sobre muitas imposições que sofremos durante a gestação. Campanha #sentandoparaopartonormal, você sabe o que é? Continue a leitura e pense conosco. Mais um excelente texto da Doula e Educadora Perinatal Adriana Vieira.
O mundo virtual tem dessas coisas! Muitas campanhas que rapidamente se espalham e podem ajudar uma imagem a ser construída ou destruída. Nesse caso está sendo um grande alerta em prol da humanização.
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A campanha #sentandoparaopartonormal começou nessa semana, em março de 2015, depois que um obstetra que estava presente num Congresso, se manifestou contra a sentar-se, ficar de cócoras ou de joelhos para receber um bebê ao nascer. Ativistas de todo o Brasil, após ouvirem o relato, começaram a se mobilizar nas redes sociais e a espalhar a hashtag #sentandoparaopartonormal juntamente com fotos de médicos que sim, se abaixam, se levantam, deixam a gestante se movimentar e escolher a melhor maneira dela se posicionar para que seu bebê possa nascer. Isso sim é um obstetra humanizado e que cumpre seu papel, obstetra, que vem do verbo: obstare, que significa: observar. Sim, esse é o papel de quem sabe partejar, seja obstetra, parteira, obstetriz, seja a doula, a equipe de enfermagem, ou quem mais estiver preparado para fazer parte da equipe que vai literalmente ‘assistir ao parto’, ou seja, “dar assistência” ao casal que terá seu bebê.
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No mundo atual, cheio de medicamentos disponíveis, muitas vezes sem nenhuma prescrição médica, e com uma cultura cada vez maior de não se frustrar, não sentir dor, ou incômodos, o crescimento da cirurgia cesariana ultrapassou os limites permitidos pela OMS, que seria de 15 % para uma população, chegando ao índice alarmante de 85% na região sudeste.
Por essa razão, entre outras, muitas mulheres e casais grávidos nem sabem os benefícios do parto natural ou normal, e acham normal uma cesariana eletiva, ou seja, com data marcada, como se fosse algo que os salvasse…seja do medo, da dor, enfim…Acham normal chegarem ao hospital e serem mandadas, como se o corpo dela não a pertencesse. Acham normal colocarem o ‘sorinho’, ou seja, a ocitocina sintética, sem nem mesmo ela iniciar o processo natural de dilatação, entre outras… e então, a cultura de se esperar um bebê até a hora que ele queira nascer, está se perdendo. Ver então um médico partejar, é algo mais raro ainda, nos hospitais, principalmente nos grandes centros. Um parto domiciliar então, assusta só pelo nome.
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Mas será que a população em geral sabe os problemas sérios de cesarianas marcadas antes do tempo? Será que sabem o bem que faz nascer naturalmente? Como doula e a favor do parto humanizado para todos, tenho o privilégio de assistir a partos com médicos que realmente partejam, que se ajoelham, se agacham, sobem, descem, andam, não dormem a madrugada toda, aguardam, respeitam a hora do bebê, respeitam a hora e a posição que a gestante quer ficar, respeitam o casal, e principalmente, respeitam o parto como um momento único para cada casal, e para cada família que se forma. E é para essas médicas que dedico não apenas essa campanha, mas uma vida longa e repleta de saúde e amor, que é o que vocês dão expontaneamente para cada casal que passam por vocês!!! E que a campanha #sentandoparaopartonormal se espalhe ainda mais!!!