Pais e Filhos

Photo 4 mai 2014 20_33Muitos são os adultos que descrevem experiências terríveis, hostis, carregadas de mágoa e rancor de seus pais e o quanto estas lembranças incomodam, à medida que se é pai e mãe diante do desafio em desenvolver o papel e a função paterna ou materna. Ocupar este espaço é antes de mais nada rever suas próprias experiências, um movimento muito natural e saudável porque buscamos referências, independente se as julgamos boas ou más, buscamos um norte, um caminho.

Não importa se os seus pais foram bons ou ruins mediante de sua vivência… você também vai descobrir, em seu íntimo, que você também irá cometer erros, embora os terá feito na intenção de acertos. E futuramente humanizará ou amenizará a imagem que você construiu de seus pais para si durante tantos anos.

É a partir destas lembranças e da capacidade crítica de cada um de nós que iremos repetir modelos de pai e mãe que tivemos ou fazer uso de nossas lembranças como anti-modelos. Não há um manual para ser um(a) bom(a) pai ou mãe. Redescobrir a si mesmo em um período, tão ímpar, quanto a paternidade ou maternidade é abrir-se para o novo. E dá um frio na barriga danado, não é? Tudo que é desconhecido e novo nos desestabiliza de alguma forma.

O fato é que o sentido que atribuímos à vida, aos acontecimentos e as coisas que nos cercam dependem unicamente de nossa própria perspectiva. Sim! Você pode ser e fazer diferente, você pode tentar ser a melhor mãe e o melhor pai que você já sonhou em ser.

Uma boa relação entre pais e filho necessita de envolvimento, dedicação, paciência e carinho diariamente, uma relação é construída no convívio, na troca, na interação. Se você fica no computador ou cozinhando e seu filho com os brinquedinhos ao lado sozinho, há proximidade mas não a construção de uma relação.

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A consequência de uma boa relação entre pais e filhos favorece ao bom desenvolvimento físico, cognitivo e emocional do infante, mas para isso é de suma importância existir atitudes por parte do adulto que acolham e auxiliem a criança a lidar com os seus fracassos, decepções e dificuldades perante as situações sociais adversas e opostas a seus desejos e satisfações imediatas.

Na prática, ali, no dia a dia, os pais precisam aprender a lidar com os medos que os assombram. Alguns exemplos:

– “tenho medo que meu filho fique traumatizado ou frustrado por não ter aquela moto cara e motorizada (…)” Na sua vivência, certamente, houve desejos da infância que não foram supridos que podem ser projetados em seus filhos, se assim for, esta necessidade é mais sua do que dele, portanto, identificar e aprender a lidar com estas projeções o ajudará para que as atitudes e posturas paternas/maternas não sejam movidas por seus projeções, mas sim impulsionadas para identificar as reais necessidades da criança. Afinal não é um tablet ou outros presentes caros, antes mesmo dos cinco anos, que irão moldar o caráter de seu filho.

– ”não pode ser filho único pois será muito mimado.” É uma relação controversa, aprender a dividir pode ser com um amigo(a) e/ou primo(a) e não necessariamente da mesma idade, além disso, dizer não e limitar os desejos do pequeno é de bom tom da família e demais responsáveis. Ensinar a criança a lidar com suas frustrações é imprescindível.

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– “tenho que dar um pouquinho porque ele está com vontade.” Se você estiver tomando uma cerveja e seu filho ficar de olho… você faria o mesmo? Há certos alimentos ou bebidas que não são recomendados para bebês ou crianças. Dizer “não” vai fazer bem à saúde e a integridade física e mental de seu(ua) filho(a).

O mundo moderno propicia que cada vez mais se conviva menos em família. Sim o mundo e os tempos são outros, mas à que preço? A escassez em valores humanos. O convívio familiar saudável proporciona educação, limites e tantos outros ensinamentos impregnados de paciência, amor e respeito à criança que farão toda a diferença para o bom desenvolvimento físico, emocional e cognitivo da mesma.

Os incômodos e receios diante do desafio de exercer a paternidade/maternidade dos filhos estarão presentes em algum momento, mas é fundamental que estes sejam identificados e propiciem à reflexão, para que o modelo de “criação familiar” não se repita irrefletidamente, mas sim que cada família, mediante seus valores e princípios possa estabelecer em consenso sobre a melhor maneira que eles acreditam ser para educar e criar o(s) seu(s) filho(s).

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Autora: Carla Ribeiro de Oliveira. Mãe do pequeno, tagarela, espero e tranquilo Heitor. Compreende esse universo com olhos de mãe, mulher e profissional.

 

Psicóloga em Santos, formada pela Universidade Católica de Santos em 2006, especialista em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela UNIFESP em 2012. Atua na abordagem Fenomenológica Existencial há 07 anos, realiza atendimento ao público intanto-juvenil e adulto para avaliação psicológica e psicodiagnóstico, orientação familiar, psicoterapia de casal e individual.

Conheça mais sobre seu trabalho clicando: http://www.psicologacarla.com

 

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