A família é a matriz de socialização e de individualização do homem, o primeiro círculo afetivo e de relacionamento. É este círculo de convívio que durante o desenvolvimento irá propiciar o seu equilíbrio, seja através de afetos positivos ou negativos.
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A família pode ser analisada através de subsistemas, sendo: individual; conjugal; dos pais para os filhos, paternal; dos filhos para com os pais, filial; entre irmãos, fraternal.
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A relação fraternal é a primeira relação horizontal que existe. É através desta que se aprende a competir e a lidar com o sentimento de rivalidade, a cumplicidade e a lidar com as diferenças. Através da percepção das diferenças e semelhanças entre os irmãos, torna favorável a percepção de si mesmo.
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Durante a infância a relação entre os filhos é, em geral, marcada pela necessidade de atenção dos pais, o que gera a competição entre os irmãos. A relação fraterna é uma intimidade imposta, um mix de ciúme, de rivalidade, de cumplicidade, de competitividade e de lembranças (Goldsmid & Feres-Carneiro, 2007). Como toda relação fraternal, alguma destas características domina e impera na relação.
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O modo como os pais se relacionam para com os filhos, bem como a qualidade desta relação determinam como espelho através de seus comportamentos como pais, o reflexo da relação entre os irmãos. Contudo, devemos considerar as características individuais da criança, bem como a influência que os mais velhos exercem perante os mais novos.
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Os pais influenciam os filhos através da expressão de seus comportamentos e práticas, mediante aos valores e crenças combinado ao grau de exigência e de responsabilidades. O suporte emocional materno e paterno traz a contribuição para a diminuição da rivalidade entre irmãos. Mediar conflitos, fazer combinados, estimular gentilezas e a troca de afeto entre os irmãos são exemplos simples de reforçar os laços afetivos.
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“A infantilização do caçula pode representar uma necessidade por parte dos pais de reterem o filho e, assim, não perderem suas funções de cuidar e proteger.” (Goldsmid & Feres-Carneiro, 2007). O filho mais velho é o pioneiro e pode sofrer mais com a insegurança do fardo herdado pelos pais em trilhar um “caminho exemplar”.
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Cada um dos filhos requer uma atenção especial perante a sua fase e espaço que ocupa na família. As regras criadas para gerir os filhos evitam os desejos infantis e até mesmo desejos irresponsáveis do(s) filho(s) para com o irmão(ã). Refletir sobre as regras e as condutas a serem adotadas ainda é o melhor caminho…
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A rivalidade entre irmãos pode ser considerado um desvio de conduta, segundo a classificação internacional de doenças (CID-X F93.3) caso haja persistência significativa em comportamentos dissociais, manifestação excessiva de agressividade e tirania, postura desafiante, opositora, provocativa e desobediência anormalmente frequentes e graves. Nestes casos, a rivalidade entre irmãos requer avaliação e intervenção profissional.
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CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e. Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997.
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GOLDSMID, Rebeca; FERES-CARNEIRO, Terezinha. A função fraterna e as vicissitudes de ter e ser um irmão. Psicol. rev. (Belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 13, n. 2, dez. 2007 .
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Disponível em Clique aqui. acessado em 26 jan. 2012.
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